terça-feira, 27 de maio de 2014

Terezinha, ú, ú...

Por Daiane Honório

Chacrinha e as 'chacretes'
Foto:  Vírgula, Uol.

José Abelardo Barbosa de Medeiros, “O Chacrinha”, nascido em Surubim, Pernambuco, dia 20 de Janeiro de 1917, nordestino e carregava uma das suas características peculiares, como a sua irreverência. 

Na história da TV brasileira ele foi um extraordinário mestre, o maior criador e considerado o maior comunicador.
De personalidade atrevida nos palcos e dono de uma timidez na vida pessoal, Abelardo criou um personagem inesquecível para muitos de nós: o Chacrinha, a origem do nome veio através do seu primeiro programa em uma rádio localizada em uma chácara. E, naquela época as rádios paravam suas programações às 23h, Chacrinha fazia programas para os ouvintes permanecerem acordados, mostrando sua ousadia. 

Chacrinha ainda no inicio da sua carreira comprovou seu talento com o meio artístico, como músico, não intencionado por passar um ano inteiro no quartel, ele falsificou a data de nascimento no seu documento de identidade e acabou ingressando no Tiro de Guerra. Depois de passar por essa experiência inesquecível foi tocar bateria. Dois anos após iniciar seus estudos em medicina, ele seguiu como percussionista do grupo Bando Acadêmico, e decidiu aos 21 anos, viajar, como músico no navio Bagé rumo à Alemanha, entretanto na mesma data dessa viagem a Segunda Guerra Mundial tumultuava o mundo em 1939, e ele teve que desembarcar no Rio de Janeiro onde determinou a se tornar locutor e conseguiu na Rádio Tupi. 

Quatro anos depois no ano de 1943 na Rádio Fluminense lançou um programa de músicas de Carnaval, o programa se chamava: Rei Momo na Chacrinha, um programa de grande sucesso.

Nos anos de 1950 sobre o comando do programa Cassino do Chacrinha, diversos sucessos da música brasileira foram lançados como: Estúpido Cupido, de Celly Campelo, e Coração de Luto, do artista gaúcho Teixeirinha. 

No ano de 1956 sua grande estreia na televisão com o programa Rancho Alegre, na TV Tupi do Rio de Janeiro, na qual começou a fazer também a Discoteca do Chacrinha. Logo após sua estreia, Chacrinha foi para a TV Rio, TV Excelsior e em seguida no ano de 1970 foi contratado pela Rede Globo, na emissora iniciou com dois programas semanais: Buzina do Chacrinha e Discoteca do Chacrinha programas de calouros e grande divulgação da MPB. 

Ele se apresentava usando fantasias espalhafatosas, elementos típicos das festas folclóricas nordestinas, criador de bordões, distribuía frutas, legumes e o famoso bacalhau para o auditório, na ocasião as vendas do bacalhau não estavam com o cenário positivo para o seu patrocinador na TV Tupi: Casas da Banha, Chacrinha reverteu a situação, durante seus programas, oferecia para o auditório: "Vocês querem bacalhau?", e atirava o peixe a plateia disputava o produto, com a visibilidade que o produto passou a ter as vendas alavancaram. 

Ele era cercado pelas assistentes de palco: as famosas “Chacretes”, dançarinas com pouca roupa, consideradas musas da televisão na década de 70, as dançarinas recebiam nomes extravagantes como Rita Cadillac: Índia Amazonense, por exemplo. 

Chacrinha retornou para a TV Tupi dois anos depois. Porém no ano de 1978 foi transferido para a TV Bandeirantes, onde permaneceu por quatro anos. 

Em 1982 voltou à Rede Globo, onde seus dois programas se integraram num só: O Cassino do Chacrinha, que nas tardes de sábado fez grande sucesso. 

Suas referências nordestinas o auxiliavam para mostrar o inusitado.

Ele ditou de certa forma, o modo de se apresentar na TV brasileira: trouxe ao telespectador e aos seus fãs novas experiências, Chacrinha era popularesco, todos os públicos o adoravam, era o palhaço que buzinava para os calouros desafinados “A buzina era uma lembrança do seu pai com o caminhão pelos caminhos nas estradas” (Frase extraída do vídeo: Por toda a minha vida – 2008 completo Youtube). Era capaz de reconhecer um verdadeiro artista e revelou muitos talentos como: Roberto Carlos, Paulo Sérgio e Raul Seixas, entre muitos outros. Uma das atrações em seu programa eram os jurados: Carlos Imperial, Aracy de Almeida, Rogéria, Elke Maravilha e Pedro de Lara, que ajudavam a criar todo o clima, um programa alegre, com aspecto de festa, seus admiradores dizem que ele fazia uma algazarra saudável, um homem criança, um gênio que não cabe rótulo. 



Curiosidades sobre Chacrinha: Sua carreira na Medicina não decolou, ele cursou até o terceiro ano de medicina e Chacrinha quase morreu aos seus 21 anos de idade, por conta de uma apendicite. 

O velho guerreiro como era conhecido, era apaixonado pelo trabalho e nunca se acomodou com a fama, boa parte da música popular brasileira girou em torno dele.

No ano de 1970, Chacrinha teve o acompanhamento de perto de suas atividades pela censura, pois mesmo querido, recebeu muitas críticas em seu modo de fazer TV, sua atuação era considerada por alguns pornográfica, devido aos uniformes das pioneiras Chacretes, e sua “atitude sem seriedade”. 

O apresentador faleceu com 72 anos, vítima de enfarto do miocárdio no ano de 1988. 



O Chacrinha é um ícone da TV brasileira e que enriqueceu com sua irreverência o modelo de programas de auditório. O personagem multifacetado trouxe para a TV brasileira o “colorido” e foi espelho para profissionais da Comunicação. 

Os bordões:
"Eu vim pra confundir, não pra explicar."
"Na TV nada se cria, tudo se copia."
"Não sou psicanalista e nem analista. Sou vigarista."
"Alô Sarney, não perca de vista o pecuarista."
"A melhor lua pra se plantar mandioca é a lua de mel."
"Alô, Dona Maria, seu dinheiro vai dar cria."
"Honoris causa é a mesma coisa do que hors-concours."
"O mundo está em dicotomia convergente, mas vai mudar."
"Quem não se comunica, se trumbica."
"Teresinha, ú, ú..."

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